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segunda-feira, 9 de maio de 2016

Previna-se contra o Infarto Agudo do Miocárdio


O cardiologista Marcus Bolívar destaca a importância da prevenção das doenças do coração

O infarto agudo do miocárdio é primeira causa de mortes no País. Dados do DATASUS, do Ministério da Saúde, revelam que ocorrem 100 mil óbitos anuais devidos à doença em nosso meio. Este ano, nomes conhecidos no Brasil, como o ator José Wilker e o narrador esportivo Luciano do Valle, morreram, repentinamente, devido ao infarto. Ambos estavam na faixa dos 60 anos de idade. Eram pessoas ativas, brilhantes em suas áreas de atuação, que poderiam continuar a viver ainda por um bom tempo, trabalhando, amando, vivendo intensamente. A prevenção dos problemas cardiológicos é fundamental.
Para o cardiologista mineiro Marcus Vinícius Bolívar Malachias, do Instituto de Hipertensão em Belo Horizonte e professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, ter uma boa alimentação, combater o estresse, o tabagismo e o sedentarismo, assim como cultivar relações humanas saudáveis, são fundamentais para se prevenir das doenças do coração. Além disso, ele ressalta a necessidade da realização de exames preventivos periódicos para a manutenção da saúde. Nesta entrevista, o especialista fala sobre este assunto para o Portal Medicina e Saúde.

O que é infarto agudo do miocárdio?
É um processo de necrose (morte) de parte do músculo do coração por falta de nutrientes e de oxigênio, devido a uma redução do fluxo sanguíneo causado pela oclusão de uma de suas artérias, as chamadas coronárias. Em geral, esta oclusão ocorre pela formação de placas (ateromas) na parece dos vasos, compostas principalmente por gorduras e tecido fibroso, que podem formar um coágulo sanguíneo e obstruir completamente o fluxo de sangue para a parte do coração irrigada pela artéria ocluída. Dependendo da quantidade de músculo cardíaco (miocárdio) afetado, o infarto será mais ou menos grave. Cerca de 50% dos infartos levam à morte em algumas horas, se não tratado a tempo. A morte geralmente ocorre por uma arritmia gerada pela instabilidade do músculo infartado.

Qual é a faixa etária predominante?
Embora a incidência aumente com a idade, a metade dos infartos no Brasil ocorre antes dos 60 anos, diferentemente de países com maior grau de desenvolvimento econômico e cultural, onde apenas 75% dos infartos ocorrem em indivíduos na 3a idade. Esse grande número de infartos em jovens brasileiros é atribuído à falta de cuidados preventivos e ao insatisfatório controle dos fatores de risco: hipertensão, colesterol elevado, tabagismo, diabetes, obesidade, sedentarismo etc.

Quem sofre mais infarto, o homem ou a mulher? Por quê?Em cada 10 infartos, seis ocorrem em homens e quatro em mulheres. Essa proporção já foi de 2:1 há três décadas. A mulher é protegida pelo hormônio estrógeno, até a ocorrência da menopausa. O aumento do número infartos em mulheres é atribuído ao estresse e ao crescimento dos fatores de risco, como tabagismo, hipertensão, obesidade e diabetes entre elas. Mesmo com o aumento da incidência de infartos nas mulheres, em geral a doença ocorre cerca de 5 a 10 anos mais tarde que nos homens. 
E as pessoas mais jovens?Além da presença dos clássicos fatores de risco para o infarto em jovens, como hipertensão, colesterol elevado, tabagismo, diabetes, obesidade e sedentarismo, geralmente negligenciados, o consumo de drogas ilícitas e o uso de hormônios, como anabolizantes e outros, têm surgido como novas condições de risco nessa população.

Quando o infarto pode ocorrer?
É mais comum durante um esforço físico, ou após um estresse emocional súbito. Mas pode ocorrer também em repouso. O período da manhã é mais propício, mas não é uma regra.
Quais os sintomas do infarto?
O sintoma mais comum é a dor no peito, de forte intensidade, em forma de aperto. Pode também ocorrer na parte superior do abdome, no ombro esquerdo, nas costas ou na mandíbula. O paciente pode sentir dor em apenas uma parte do seu corpo ou ela pode se mover do tórax para os braços, ombros, pescoço, dentes, mandíbula, área do abdome ou costas. A dor pode ser forte ou branda. Ela é descrita como uma cinta apertada ao redor do peito, mas também pode similar uma má digestão, ou como algo pesado colocado sobre o peito. A dor dura geralmente mais que 20 minutos.
Outros sintomas podem ocorrer: náusea ou vômito, sudorese fria, falta de ar, ansiedade, tosse, tontura, vertigem, palpitações. O importante é procurar ajuda médica assim que surgirem os sintomas. É melhor levar o indivíduo ao hospital, caso haja condições para o transporte do que esperar pelo atendimento domiciliar. O infarto é uma emergência médica. A pessoa afetada não deve ir ao hospital dirigindo. Há um risco maior de morte súbita nas primeiras horas após um ataque cardíaco.
Quais são os exames que confirmam o infarto?
Além da entrevista e do exame físico, o médico, diante da suspeita de um infarto, pode lançar mão de exames complementares. O eletrocardiograma é o principal exame que pode mostrar de forma rápida e precoce a ocorrência do infarto na maioria dos casos. A dosagem de troponina no sangue pode mostrar se há lesões no tecido cardíaco. Esse exame pode confirmar se a pessoa teve um ataque cardíaco, mas é sensível só após algumas horas do início do quadro. A angiografia coronária (cateterismo cardíaco), geralmente é realizada imediatamente ou quando o paciente está mais estável, quando há disponibilidade. Eles ajudam o médico a decidir qual será o tratamento necessário. Há ainda outros exames para observar o coração que podem ser realizados enquanto o paciente estiver no hospital, como o ecocardiograma, a radiografia, a angiotomografia, a medicina nuclear e outros.

Qual é o tratamento do infarto?
O tratamento se baseia em observação em terapia intensiva, medicamentos e desobstrução da artéria coronária ocluída, que pode ser feita por meio de angioplastia de urgência (cateterismo), ou por medicamentos injetáveis (trombolíticos) que dissolvem o coágulo responsável pelo infarto. Posteriormente, poderão ser necessários outros tratamentos clínicos, intervencionistas ou cirúrgicos. Quanto mais precoce for o início do tratamento do infarto, maiores são as chances de sobrevivência e recuperação.
Informações: (31) 3291-1305 | info@portalmedicinaesaude.com.br

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